terça-feira, 26 de janeiro de 2010

CAUSOS ENOLÓGICOS - SURREALIDADE NA LOJA DE R$ 1,99 VINHO VERDE PORTUGUÊS ALMEIDA ROCHA 1995 (UPDATED EM 28/01/2010 PARA NÃO VIRAR ESTÓRIA DE PESCADOR)

Olá amigos, tudo bom!

O post aí debaixo sobre a traição do vinho estragado na coluna da Alexandra Corvo fez o maior sucesso, inclusive na Itália onde recebi dois comentários! Meu colega Mário Mucheroni da A.B.S. de São Carlos fez um comentário muito legal e vai num caminho totalmente diferente daquela minha experiência! Portanto inauguro com um "causo" dele á parte; que tem conteúdo suficiente para ser publicado em qualquer periódico sobre vinho.

Vão lá e degustem!.

Caro Roberto

Li sobre o vinho branco da Campania em seu blog. Na enocultura, aprendemos nos instantes mais inesperados. Veja o que me aconteceu: estava numa destas lojas de 1,99 comprando presentes para os horríveis eventos de "inimigos secretos" que tive que participar. Achei, veja o fato surreal, caixas de um vinho verde português Almeida Rocha engarrafados em 1995, que deveriam ser consumidos dentro de 1 ano. Custavam R$ 3,99 cada. Comprei 1 caixa com 6 garrafas para brincar. Para minha surpresa encontrei 2 inacreditáveis garrafas. Os vinhos de 4 garrafas estavam mortos, mas 2 garrafas guardavam uma preciosidade. Vinhos com boa acidez, aromas de frutas tropicais, mel, cera de abelha, marzipan, avelãs, um certo toque de madeirizado, com maravilhosos 9% de álcool, que resistiram ao tempo e principalmente aos maus cuidados. Não eram o mesmo vinho que teríamos tomado em 1995, mas acredito que os que resistiram ficaram melhores, mais ricos em nuances aromáticas. Qual o segredo? A rolha! Nas garrafas com vinhos ainda potáveis as rolhas ofereciam resistência à abertura. Nas outras, com pequena pressão com os dedos as rolhas afundavam. Uma boa dica para testar vinhos velhos, com cuidado.


Abraço

Mario
 
Quem tiver seu causo ou história interessante sobre vinho, mande pra mim qua a gente compartilha!
 
Ou venha pra nossa A.B.S. e conte pessoalmente!

http://www.abs-saocarlos.com.br/
 
A foto mostra o Vinho Gravonia Branco  Reserva 1997 da nossa última degustação sendo aberta com todo cuidado pelo autor da mensagem, só para aguçar um pouco.
 
Abracci a tutti!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

BLOG ALEXANDRA CORVO 15\01\2010 - OBRIGADO!

Olá pessoal! Tudo bem?

Dicas práticas de etiqueta social sobre vinho no Blog da sommeliére e jornalista  Alexandra Corvo!

Comentado em 15/01/2010 por Roberto Marino:

Olá Alexandra, Boa tarde! Tudo Bom?

Desculpe te usar como enoterapeutapsicológica, mas suas dicas do esfarelar as rolha no restaurante foram muitos legais. Passei por maus bocados um dia desses, quando fui convidado para uma “degustação” dessas em que cada um leva o seu vinho num ambiente mais formal.

Como adoro vinhos italianos levei um Fiano de Avelino 2004 recém adquirido, que seria o primeiro branco da noite. Cheguei, botamos para gelar e quando abri a garrafa que vergonha…. o vinho estava totalmente decrepto, oxidado. Fiquei muito constrangido, pedi muitas desculpas e prosseguimos com a noite. Cheguei a pensar em sair correndo até o super mais próximo e comprar outra garrafa mas achei muito deselegante. Um colega falou para mim: essa é a verdadeira sensação de marido traído e concordo com ele. Outra saída seria deixar uma garrafa de reserva de um outro vinho no carro, mas não faz parte do meu perfil; prefiro levar as duas.

Responda-me por favor o que você faria neste momento?

Um abraço e obrigado!

Feliz 2010.

Vale a pena passar lá pra conferir  a resposta e é só clicar no link abaixo; tanto o comentário dela quanto o do Eugênio Oliveira são muito bons e construtivos! Além de consoladores.....

- Blog Alexandra Corvo - Sobre a traição do vinho estragado.

Abbracci a tutti e

Chi no beve vino, non sente il mondo girare !

C=:)-

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

SEGUNDA DIVINO: ALHEIRAS COM QUINTA DA BACALHÔA - CULINÁRIA COM RELIGIÃO.


A alheira é um embutido defumado típico da culinária portuguesa cujos principais ingredientes são a carne e gordura de porco, carne de aves, pão, azeite, banha, colorau e bastante alho. Pode ser consumida grelhada ou assada; guarnecida de couve, ovos, legumes da estação e lógico muito azeite.
Reza a lenda que os judeus foram perseguidos e expulsos de Castela no norte Espanha pelos reis católicos inquisitores no final do século XV, encontrarando refúgio em Trás os Montes - Portugal levando consigo sua religião e costumes. Para fugir da Inquisição, viram obrigados a  se converter em cristãos novos; porém continuavam em segredo a guardar sua "renegada" religião judaica. De acorco com a Inquisição, um forte indício para que alguém fosse denunciado judeu; consistia no não consumo de carne suína em especial os embutidos preparados com ela como presunto, linguiças, salames e chouriços.  Para despistarem seus perseguidores e manterem vivos os princípios judaicos, criaram as primeiras alheiras que foram feitas alternativamente com as permitidas carnes de vitelo, coelho, frango ou peru  adicionadas de temperos fortes, massa de pão, corantes e depois defumadas para que se parecessem com os tradicionais embutidos de carne de porco. Assim como em toda casa cristã trasmontana que se prezasse penduravam á vista de todos fileiras de alheiras, fingindo que consumiam carne de porco  proibida pelo judaísmo e tradicional entre os cristãos.
- Ecco nascia a alheira e banana para a inquisição!!

Acabou se popularizando inclusive entre os cristãos, que por ironia foram os responsáveis pela introdução da carne de porco na receita. A mais famosa das alheiras é a oriunda de Mirandela, na região de Trás-os-Montes, frequentemente considerada a de melhor qualidade.

O vinho escolhido precisava ser lusitano e Gil não hesitou em abrir um Quinta da Bacalhôa Tinto 2002 da Península de Setúbal feito 90% de Cabernet sauvignon e apenas 10% de Merlot. Coloração rubi intensa querendo trazer um pouco de granada em corpo médio, não guentei e pulei logo pra boca mostrando uma bela acidez com taninos bem regulares e retrogosto agradável num final com chocolate e terra fresca. No nariz mostrou-se bem frutado com predominância de cereja e amarena. Final com bastante menta que associada á fruta e baunilha lembrava-me até bala tipo Halls. Adorei este vinho, pois por estar acostumado com os cabernets chilenos e argentinos, já imaginava uma lixa tânico-alcoólica e veio um veludo bem macio e sem sobra de álcool nos 13% do rótulo. Sua acidez bateu bem com a das alheiras equilibrando sua gordura, tostados e temperos fortes de alho.



Para saber mais:

 1- O bom Quinta da Bacalhôa, com seu rótulo dourado e branco difícil de ser fotografado!


As alheiras foram compradas pelo Gil no Mercadão de S.P. sei lá qual banca e grelhadas apenas. Por terem recheio gorduroso, as alheiras frequentemente explodem durante o preparo liberando seu conteúdo interno que se carameliza....Meu Deus!

Abbracci a tutti!