quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Perna de cabrito á italiana, ou seria cordeiro?


Olá pessoal! Tudo bom? Bem-vindos ao nosso encontro culinário e desta vez  separei para vocês um prato delicioso e que carrega consigo toda a tradição da culinária italiana:  perna de cabrito . Devemos muito da nossa cultura regional á imigração italiana; aos colonos que vieram nos navios para trabalhar nas lavouras de café trazendo a esperança de reconstruírem suas vidas aqui no Brasil, a “Terra Nostra”. Além das famosas pastas, braciolas, panetones, molho de tomate, sorvetes e vinhos; trouxeram também a tradição de um prato domenical pascal que se tornou um clássico da gastronomia paulistana: a perna de cabrito. Na antiguidade esses animais foram trazidos pelos romanos e se adaptaram muito bem á região montanhosa centro sul da Itália e eram fonte importante de carne, leite e derivados. Primeiro preciso desfazer a primeira confusão semântica: cordeiro é o filhote abatido até um ano da ovelha com o carneiro de carne mais tenra e macia, e cabrito é o produto da cabra com o bode, com carne um pouco mais dura e forte e que possue uma glândula que precisa ser retirada para não amargar a carne. O que acontece geralmente nos restaurantes é que comemos mais cabrito ao invés do cordeiro que possui carne mais macia e saborosa.

A primeira vez que degustei esse prato foi na cantina Pozilippo em São Paulo que ficava próximo ao Hospital Sírio Libanês, e depois na cantina Roperto na Treze de Maio que é considerada a melhor perna de cabrito de São Paulo. Hoje podemos encontrar facilmente a perna de cabrito ou cordeiro de origem uruguaia ou argentina (patagônico), sendo a carne de origem neozelandesa a melhor do mundo. Podemos usar tanto a paleta mais consistente (parte dianteira), quanto o pernil que é mais macia e gordurosa, sendo minha preferência pessoal por apresentar carne mais magra e saborosa a paleta de cordeiro.

 
Bom vamos a receita:                                                       
Todo bom assado começa com uma bela marinada ou vinha d´alhos que pode variar de acordo com a tradição familiar. A minha perna descansa do dia pra noite, na geladeira coberta de papel filme com os seguintes ingredientes todos picadinhos: uma cenoura, um talo de salsão, três dentes de alhos, duas cebolas, pimenta dedo de moça, alecrim, tomilho, manjericão, louro, cravo e salsinha misturados com 400 mililitros de vinho branco.  Depois perfuro a carne e tempero a peça com sal e pimenta do reino, bato a marinada no liquidificador e coloco todo mundo numa assadeira funda para assar em forno baixíssimo coberto com papel alumínio por cerca de três horas ou até que a carne começar a desgrudar do osso. Retiro o papel alumínio e coloco em fogo alto em quinze minutos para dourar. Acomodo a carne numa bela travessa e sirvo escoltada por uma bela porção de brócolis cozidos temperados com alho e óleo e batatas rústicas ao forno. Para harmonizar sugiro um belo vinho italiano encorpado, mas não muito tânico feito com as uvas sangiovese ou Cabernet sauvignon. Nas fotos harmonizei o exemplar de cabrito da Cantina Roperto com o ícone  Supertoscano Tignanello e um Cabernet chileno Terrunyo da vinícola Concha y Toro com o cordeiro feito a quatro mãos com meu cunhado Gil.

Espero que sirva de inspiração e bom apetite a todos!
Abbracci a Tutti!

Um comentário:

Anônimo disse...

Prezado,
Cabrito e cordeiro são coisas bem diferentes. No entanto, a glândula precrural, que fica atrás do joelho, existe em ambos e deve ser retirada antes da preparação.
Permita-me discordar de sua frase " O que acontece geralmente nos restaurantes é que comemos mais cabrito ao invés do cordeiro que possui carne mais macia e saborosa". São pratos distintos e o cabrito é muito saboroso, adotado com muita frequência na culinária italiana, principalmente do centro para o sul da bota. É impossível confundir a carne dos dois. Só se for um leigo. E geralmente, é difícil encontrar carne de cabrito no mercado, que costuma ser até mais cara para nós, do sudeste.
Boa lembrança do Roberto. Comi muita perna de cabrito lá, ao som do acordeon e violão.
Sds,
Filippo