segunda-feira, 24 de agosto de 2009

TOUR MISTRAL 2009 : A CORRIDA PELO VINHO!

Olá pessoal! Confesso a vocês que esse foi meu primeiro evento enológico desse porte e isso me causou grande ansiedade por não saber como era o esquema. Eu não gosto de tirar conclusões precipitadas sobre qualquer fato, pessoa ou assunto; e prefiro realmente esperar sedimentar a emoções para assim, realmente chegar a um veredito e evitar frustrações. Como meu espírito médico é um pouco sistemático e cientifico, procurei nas minhas horas de folga estudar e definir estratégias para minha degustação, fazendo assim um roteiro do que faria no dia. Começaria pelos brancos, passaria ao tintos de médio corpo e finalmente aos grandes tintos e de sobremesa. Agora precisava de uma companhia e consegui com muita facilidade persuadir um colega amante do vinho a me acompanhar: sir Mário M.. Chegamos ao Hotel Gran Hyatt São Paulo por volta das 18 horas e começamos nosso tour. Engraçado notar que a maioria das celebridades do vinho chegaram cedo como nós.


Tour Mistral 2009 – primeira volta: saímos na frente.


A sala estava vazia e demos a largada degustando meus brancos prediletos. Todo mundo que me conhece sabe a minha predileção por vinhos italianos e dei de cara com a Tasca d’Almerita uma excelente vinícola siciliana. Provei o Le Regaleali branco feito de três uvas autóctones (inzolia, catarrato e grecanico) e o rosé (nerello mascalese e nero d'avola) que me agradaram muito. Pude conversar com o expositor sobre as peculiaridades da vitivinicultura siciliana e já comecei a ficar menos ansioso. Seguimos em frente provando o sempre bom Catena Alta Chardonnay, o Penfolds Rawson´s Retreat Semillon Chardonnay 2006 , Biondi Santi , Amayna Ch e Sb, Montes e fomos ao Masi.
Comecei pelo branco, mas não resisti ao olhar tentador dos amarones; quebrei meu protocolo e fiz uma degustação bem didática começando pelo valpolicella clássico, campofiorim ripasso e por fim os dois amarones. Senti muita falta do recioto, mas mesmo assim dei-me por satisfeito.

Fomos então ao melhor e mais divertido stand da noite presidido pelo simpático lusitano Luis Pato. Creio que o Brasil deve ter uma parcela importante na suas vendas, pois acho que era um dos poucos chefões presente ao evento. Tomamos seu espumante rose agradável e seus brancos que no meu ponto de vista perderam para os demais. Achei que um evento deste porte teria que ter mais espumantes além do ótimo rose do Pato. Fim da bela primeira volta do tour Mistral.

Tour Mistal 2009 – Segunda Volta: pelotão do meio.

Fomos nos servir do buffet de pães e frios para nos prepararmos pra segunda sessão e quando entramos no salão vimos que o panorama havia mudado. O hall já estava quase cheio de enólogos disputando entre si os espaços frente ás bancas de degustação. Fomos direto ao as Domaine Barons Philipe de Rotschild para provar os tintos franceses e nada deles. Muito educado Mário perguntou ao colega vizinho da Catena Zapata aonde estariam os expositores franceses. Nosso sagaz hermano sacudiu a cabeça negativamente e com um olhar maroto como quem procurasse algo, nos disse:

No hay gente, Peró...............


Hay Vino!!!!!


Demos boas gargalhadas e gentilmente ele abriu as garrafas e nos servimos.
Estacionamos por ali mesmo na Catena , degustamos seus vinhos e gostamos muito do de sobremesa, talvez porque já conhecíamos previamente toda a sua linha.
A corrida pelo vinho continuava e à medida que a graduação alcoólica do público aumentava, proporcionalmente crescia o brado das vozes e o conteúdo ficava cada vez mais rebuscado. A essa altura todo mundo já falava inglês e italiano fluente ( brasileiro já nasce sabendo portuñol), e foi engraçado ver pessoas conversando com o Luis Pato com um sotaque sei lá da onde. Era também divertido ver a expositora ter que responder a mesma pergunta sempre a cada taça servida e me impressionava a avidez de todos pela próxima amostra. As bacantes já estavam se acotovelando na frente dos poucos 1,50 m de bancada designada a cada produtor: eles se serviam e não saiam da frente para dar espaço para os outros embolando assim o meio de campo.

Mas espera aí; e aquela cuspideira em plena gripe suína! Que nojo! Você estava lá com sua taça e de repente bleargh, vem aquele cara do seu lado e dá aquela cusparada\ golfada em leque no pinico verde. Ta certo que é álcool, mas não é gel!!!! Ninguém vai querer tomar os 200 rótulos ou ficar embriagado por ter degustado 30 vinhos. Pode por uns 10 ml na boca e tomar: 30 rótulos X 10 ml = 300 ml e despreza-se o resto que ficou na taça. Sou a favor de se criar um código de conduta e etiqueta nos eventos enológicos.
Bom, voltamos ao Masi para mais um tico de amarone, porém ás 20h30min o pessoal do Vêneto já havia encerrado suas atividades.


Tour Mistal 2009 – terceira e última volta: reta final.


Depois de tomar água e vinho fomos descarregar nossos containeres para a etapa final. Agora já parecia a festa da Nossa Sr Achiropita, todo mundo se servindo sozinho e sabendo mais que os produtores. Fomos empolgados ao Porto Graham´s com o L.B.V. e Vintage degustando-os sem surpresas. Passamos ao muito bom licor de tannat da Pisano, o vinho de sobremesa mais tânico do universo e provamos alguns bons tintos com a mesma uva. Terminei com o late harvest de SB da Montes e assim pudemos findar nosso tour.

Bom, missão cumprida e saldo muito positivo!!!! Após três voltas, 31 vinhos degustados e uma semana de decantação de idéias para tirar minhas conclusões.

Brincadeiras á parte, trata-se realmente de um grande evento e o maior que já fui do tipo. Como estava acostumado com os congressos médicos, imaginava que haveria vários stands individualizados, onde cada um dos vinhateiros pudesse mostrar realmente suas propriedades e produtos com fotos, vídeos e material impresso. Minha frustração se deve em parte ao pensar que haveria um tratamento mais pessoal voltado ás vinícolas e vinhos, com menor ênfase á distribuição e venda dos mesmos. Valeu muito a pena por ter participado e com certeza dá próxima vez já estarei preparado. Tive a oportunidade de conhecer uma boa amostragem de vinhos que dificilmente degustaria em qualquer outro lugar; além de poder conversar com os diversos expositores.

No meu ponto de vista, a vinícola que mais me impressionou foi a italiana Castelo del Terriccio com os vinhos Lupicaia (Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot) e Tassinaia (Cabernet Sauvignon, Sangiovese e Merlot). Achei interessante também a tênue mudança de comportamento dos rótulos do novo mundo; na procura de um caráter menos agressivo e vitaminado de seus vinhos.

Mas felizmente nada substitui o nosso bom e velho consultor de vinhos!!!

Abbracci a tutti!

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