terça-feira, 18 de agosto de 2009

CHARDONNAY- DEGUSTAÇÃO ABS - SÃO CARLOS 13\08\2009




Nesta quinta feira tive a oportunidade de participar de mais uma agradável degustação de varietais da ABS de São Carlos. Foi escolhida a uva francesa Chardonnay, batizada pelos amantes do vinho por "rainha da uvas brancas". Pudemos distinguir nessa noite todo seu potencial de adaptação aos mais diversos "terroires".







Primitiva da Borgonha, essa uva difere-se da sua prima Pinot Noir por se adaptar muito bem na maioria dos lugares já cultivados (versatilidade) e aceitar muito bem os caprichos dos enólogos que se aventuram a produzir seus vinhos . Diferente de outras cepas brancas, pois aceita muito bem o descanso em carvalho; pode produzir tanto vinhos delicados com toques cítricos, minerais e ácidos como em sua terra natal ; e se apresentar com aromas de frutas tropicais, maior corpo e intensidade aromática como no novo mundo.


Aparece como estrela maior nos vinhos lendários de Chablis peculiar pela sua mineralidade, Côte Beaune como Corton-Charlemagne e Le Montrachet, Poully Fuissé , sozinha na Champagnes Blanc de Blancs e no pouco conhecido por aqui Beaujoulay branco.


Tem como características produzir vinhos com aromas de frutas como abacaxi, maçã verde, damasco , florais e, se for barricada; apresentar baunilha e tostados com lácteos-manteiga; óbviamente respeitando as nuances de cada terroir e produtor. Devido a essa sua maleabilidade e manipulação do processo de produção, pode-se perder muito da tipicidade dos vinhos produzidos pela Chardonnay gerando vinhos muito diferentes dos estilo borgonhês. Talvez seja a uva mais globalizada de todas.


Degustação foi presidida pelo sr. Mário Mucheroni e precedida por breve esplanação. Foram servidos seis vinhos sequenciais ás cegas , em taças I.S.O. na temperatura aproximada de 10 graus Celsius.


Vamos a eles.







1 - Salton Virtude 2008 - Salton - Bagé\Campanha - Brasil.

Vinho de coloração amarelo palha com toques verdeais no nariz mostrando frutas em calda como abacaxi e laranja com especiarias tipo cravo e canela. Faltou um tico de acidez talvez por uma fermentação malolática mais longa, não percebi mineralidade e influência da barrica com baunilha e manteiga bem discretos. Um vinho elegante e correto. Nosso canditato nacional se comportou muito bem nessa degustação; nos agradou muito e termos começado com ele foi uma grande sacada pois aguçou o paladar e raciocínio enológico. Não tivemos coragem de palpitar seguramente qual vinho seria, pois estava muito delicado e equilibrado sugestionando uma origem francesa.


2 - Bourgogne Couvent des Jacobins 2006 - A.O.C. Bourgogne - Maison Louis Jadot -Beaune FR.

O segundo vinho bem fresco e frutado mantendo sua elegância; apresentava coloração amarelo palha. Mais delicado e complexo que o nacional mostrando frutas maduras como pera e maçã verde com toques cítricos. Mineralidade já presente com maior influência das barricas sem exagero com baunilha e balas de caramelo. Seguia -se com tostado final e retrogosto agradável.
Sutil com toques florais melhor percebido pelas colegas mulheres. Bom equilíbrio de acidez.


3 - Gerovassiliou Chardonnay 2005 - Domaine Gerovassiliou - Epanomi - Greece.

Agora veio o greco para agitar a degustação. De cara percebemos que toda sua potência e mineralidade viria de um vinhedo nessa região. Amarelo ouro ,untuoso e frutas em calda como abacaxi e casca de laranja com mel e baunilha. Bom tostado com frutas secas como amêndoas ;brindado com mineralidade e acidez marcante. Foi de primeira: esse é o grego!






4 - Bom Vallon Chardonnay sur lie 2008 - De Westhof Estate - Robertson - África do Sul.


Esse talvez foi o vinho mais fácil da noite pela sua jovialidade e sem barrica; quando foi servido possuía no fundo do copo algumas bolhas residuais. Muito jovem e fresco com aromas de melão, maçã verde, kiwi e floral mais acentuado. Acidez bem acentuada por naõ ter fermentação malolática e gosto mineral\carvão\queimado no final de boca. Foi muito boa escolha pois assim pudemos conhecer a outra faceta da chardonnay sem passagem de barrica, mostrando assim que pode ser feito um grande vinho sem a necessidade de carvalho; gerando vinhos elegantes com bastante frescor. Grande sacada da noite. Esse é o sul africano!

5 - Amayna Chardonnay 2006 - D.O. Valle Leyda - Viña Garcés Silva - Chile.

Aí veio nosso amigo chileno com coloração amarelo palha\ouro bem intensa com aromas frutados já um pouco passados com laranja, damascos e para alguns lichia. De todos foi o que apresentou maior toque herbáceo com baunilha e mel presentes. Discreto amargor final não danificando seu retogosto que manteve-se agradável. Sentimos que para essa degustação estava já entrando em decadência, não podendo ser comparado em igualdade de condições com os outros.

6 - Catena Alta Chardonnay 2006 - Bodega Catena Zapata - Lujan de Cuyo - Argentina.

Grande vinho da Catena de coloração amarelo palha com verdeal,flores e muita fruta branca como maçã verde e melão que casou muito bem com sua acidez nos fazendo pensar em carambola. Barrica no ponto com baunilha\caramelo sem enjoar mantendo frescor até o final. Vinho muito bem equilibrado para quem gosta de fruta, baunilha e frescor na mesma taça sem exageros.



Concluindo o vinho mais votado por todos foi o grego da Domaine Gerovassiliou, seguido paradoxalmente pelo chileno Amayna. Ficaram empatados o nosso Salton que não fez feio frente ao francês e argentino que ficaram empatados em terceiro lugar. O sul africano amargou a lanterna porém para mim sua presença nessa degustação foi de fundamental importância e não denota de forma alguma ser um vinho simples.


Para saber mais:


1 - Salton.
2 - Louis Jadot.
3 - http://www.gerovassiliou.gr/
4 - http://www.dewetshof.com/
5 - http://www.vgs.cl/
6 - http://www.catenawines.com/
http://www.mistral.com.br/

Um comentário:

Mario F Mucheroni disse...

Caro Roberto

Parabéns, quanto às avaliações e comentário do vinho. Concordo com todas, inclusive os comentários corretos sobre os vinhos chileno e o sul-africano. Quando todos são bons, o último também é bom. Observe que os vinhos francês e sul-africano tem boa mineralidade, o que dá um carácter diferente, mais seco ou, como alguns sommeliers dizem, mais duros. Esta característica não é muito bem aceita pelos consumidores de Chardonnays muito frutados e quase doces, como o grego, o brasileiro. O argentino é camaleão pois apresenta boa mineralidade mas é sutil frente ao frutado e a acidez um pouco mais alta, coisa de enólogo craque, mas de difícil avaliação por degustadores "iniciantes". Vejo que você observou bem estas sutilezas entre os vinhos da noite.

abraço