Olá pessoal! A cultura grega sempre esteve presente na minha vida desde a minha infância quando frequentava a casa de minha tia Leni que era casada com um grego que se chamava Christus e sua filha Anastacía. Lembro-me do atelier e das esculturas de barro, pratos e abajures que fazia e depois pintava com gravuras de origens helênicas.Vocês se lembram daquela enciclopédia Conhecer da Abril, ali peguei meus primeiros capítulos da cultura grega e seus deuses, que foi complementada posteriormente pelas aulas de história com professor Adalberto no Colégio Meninópolis.
Dei um tempo e quando tinha 20 e poucos anos um de meus melhores amigos ,Quinho arranjou uma namorada grega e pronto voltamos ao assunto. Depois tivemos os filmes Casamento Grego, Spartacus, Mamma Mia!, 300 e por último aquele que fez renascer meu interesse...... "O Tempero da Vida" que conta a estória de um famoso astrofísico grego que passou sua infãncia com seu avô que era dono de uma loja de temperos no mercado de Stambul. Com ele pôde aprender sobre duas ciências gastronomia e astronomia, e assim como na política, os temperos e os astros podem mudar o curso de nossas vidas. Após a morte dele, volta á Turquia para resgatar seus amores e lembranças.
Indo da sala de TV para cozinha onde é mais gostoso, minha principal referência está no Bom Retiro precisamente no restaurante Acrópolis donde retirei inspiração para minha primeira receita a lula recheada, e aprendi a gostar pra sempre de polvo.
Bem, hoje não tem receita porquê já falei demais e resolvi fazer uma maratona! Um vinho e um prato grego por mês, ok!
Vamos de Retsina para começar.
Os gregos são na verdade os precursores da vitivinicultura européia e boa parte das uvas que hoje conhecemos são oriundas de parreiras indígenas primitivas gregas, como por exemplo a chardonnay. Sabe-se que desde aquela época conheciam os benefícios do vinho para nossa saúde e para aumentá-los; adicionavam aromas e temperos como mel, flores, ervas e resina de pinho.....- Ecco Retsina! Que nada mais é do que a tradicional mistura da resina de Pinus Halepensis da região de Alepo com mosto de uva branca Savatiano ou Roditis durante a vinificação.Outra teoria seria de que usavam esta resina somente para vedarem as ânforas e evitar a ação oxidativa, transmitindo assim aroma de pinho ao vinho.Pela forte presença nos bares e restaurantes, representa 30% de toda produção de vinhos de mesa na Grécia, deve ser bebido ainda jovem como acompanhamento da maioria dos pratos regionais desde antepastos e frutos do mar até cordeiro.
- Retsina (Ρετσίνα) Ritinitis Nobilis 2006 - Gaía - Aegialia - Grécia.
Achei muito interessante a rolha sintética negra, que guardava um vinho de uva Roditis (100%) de coloração amarelo palha intenso com toques verdeais. No nariz mostra um deciso aroma de pinho-resina que para os meus colegas confrades lembrava pinho-sol mascarando um pouco os aromas prímários de fruta cítricas como limão e abacaxi. Na boca bem ácido e refrescante realmente justificando as caracteristicas do pinho; mantendo certo equilíbrio entre frutas e resina com predominância do último. Um vinho difícil para ser degustado sozinho e você poderá até ser motivo de chacotas. Os gregos tem essas manias e costumes gastronômicos próprios que podem não agradar a todos num primeiro instante, mas culturalmente valeu muito a pena, e deve realmente harmonizar bem com pratos de frutos do mar .
Para saber mais:
1 - Se não der pra ver o filme, pelo menos assista ao trailer de O Tempero da Vida.
2 - Retsina Gaia.
3 - Mistral.
Abbracci a tutti!
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