quarta-feira, 30 de setembro de 2009

SAUVIGNON BLANC - A.B.S. SÃO CARLOS 24\09\2009


Dando continuidade á nossa série didática de varietais, o tema de degustação sa semana passada foi  Sauvignon blanc. Trata-se de uma uva branca originária do sudoeste da França, cujo nome vem das palavras "sauvage" de selvagem e "blanc" . Assim como sua prima tinta a Cabernet sauvignon, possui a característica de produzir excelentes monovarietais como os Sancerre e Poully-fumé no Vale do Loire e os de Marlborough na Nova Zelândia , e também fazer parte de cortes de vinhos lendários como o doce Sauternes e o seco Graves juntos com a uva Sémillon em Bourdeaux . Em contrapartida, não aceita bem o carvalho apesar da tentativa norte americana de fazê-la barricada como a Chardonnay; criando numa jogada de marketing dos Mondavi o Fumé-Blanc sugerindo toque mineral e tostado. A sauvignon é de uma videira muito vigorosa que gosta de muito do clima frio; tendo sua floração tardia e amadurecimento de bagas precoce. Por isso necessita de muito cuidado do vinhateiro na poda e tempo certo de colheita para se obter frutos maduros com teor de açúcar e acidez corretos, evitando caráter herbáceo agressivo e pouca intensidade aromática. Dependendo do seu terroir e modo de vinificação pode evoluir para vinhos austeros, ácidos e herbáceos como no Loire ou intensamente frutados como na Nova Zelândia (Marlborough). Podemos encontrar bons vinhos ainda na Califórnia (Nappa Valley), Africa do Sul (Stellenbosch), Chile (Valle de Casablanca), Itália (Lombardia , Friuli e Toscana), Argentina e Brasil.

Os vinhos de sauvignon são muito típicos e facilmente reconhecidos em degustações ás cegas. Apresentam geralmente aromas herbáceos mais pronunciados como grama cortada e folhas frescas de groselhas, aspargos em latas e a groselha branca ou gooseberry (parecida com a nossa goiaba); podendo encontrar aromas de frutas cítricas e tropicais em exemplares do novo mundo. No vale do Loire apresentam aromas minerais e de pedra de isqueiro o que explica a denominação fumé. Na Nova Zelândia além da maior intensidade, produz aroma de frutas tropicais como manga e maracujá. São descritos ainda na sauvignon xixi de gato, feijões verdes, almíscar e urtiga.

Harmoniza-se muito bem com pratos á base de peixe e frutos do mar, ostras, chévre, sushi-sashimi e com aperitivos.

Após breve aula ministrada pelo sr. Mario Mucheroni foram degustados seis vinhos ás cegas, servidos em taças I.S.O. na temperatura média de 10 graus Celsius.

Vamos a eles:



1 - Fleur du Cap Unfiltered Sauvignon Blanc 2008 – Distell Limited Stellenbosch - África do Sul.

Coloração amarelo palha com reflexos verdeais, mostrando primeiro o toque herbáceo como grama cortada e pimenta verde. O citrico começou a aparecer associado a flor branca, com boa acidez e sobra de álcool que não compromenteu. Sugestionava a goiaba branca e frutas tropicais numa segunda passada no nariz.

2 - Amayna Sauvignon Blanc 2008 – Viña Garces Silva – San Antonio – Chile.

Coloração amarelo palha com reflexos verdeais, sendo que achei estranho que o primeiro aroma que me veio foi de milho muito fugaz, seguido de maçã verde, limão siciliano e seu herbáceo já era menos acentuado me lembrando um pouco de capim cidreira ou menta. Mostrou mineralidade  e boa refrencância e certa untuosidade.

3 - Isabel Estate Sauvignon Blanc 2007 - Isabel Estate - Malborough - Nova Zelândia.

Coloração amarelo palha com boa intensidadde aromática já mostrando a tal da goiaba branca e herbáceo firme que não identifiquei (manjericão talvez). Bom mineral que associado á bela acidez mostrava uma agulhada boa no final de boca. Odores de suor e floral  discretos numa segunda passada com frutas tropicais (manga) apesar da boa intensidade de aromas.

4 - Sàfiro 2007 - Jacopo Biondi-Santi – Castello di Montepó - Toscana – Itália.

Coloração amarelo palha apresentado aromas de média intensidade com frutas maduras como abacaxi, maçã verde e toque herbáceo menos acentuado. Boa acidez com toque mineral pouco presente mostrando-se um vinho bem refrescante. Faltou um pouco de corpo e persistência em relação aos franceses.


5 - Château Reynon 2007 - Denis Dubordieau Domaines - Bordeaux – França.

Coloração amarelo palha mostrando forte e agradável herbáceo como manjericão e mato cortado associado a frutas maduras como abacaxi, melão e pêssego. Xixi de gato mais característicos com boa mineralidade. Acidez no ponto. Muito equilibrado e complexo e persistente...

6 - Les Griottes Pouilly-Fumé 2006 – Pascal Jolivet - Loire – França.

Coloração amarelo palha com reflexos dourados com frutas em calda como abacaxi, laranja acompanhado de amêndoas e nozes. Mostrou-se um vinho bem complexo com belo corpo e acidez; com menos  herbáceo e mais mineral tipo isqueiro se comparado com o 5. Persistente...



Talvez essa tenha sido uma das melhores degustações que já participei pela qualidade e características individuais de cada vinho. Pode nos mostrar realmente o que é a sauvignon blanc e como se consegue produzir bons vinhos com métodos tradicionais sem a necessidade de uma intervenção muito grande do produtor como no caso dos franceses. Realmente pude comprovar que a França (Loire e Bordeaux) e Nova Zelândia apresentam os melhores resultados, apesar de distintos, com a sauvignon.

Para saber mais:






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